quinta-feira, 28 de junho de 2007

Médica orienta mulheres negras a denunciarem discriminação racial nos hospitais



Brasília - A mulheres negras têm menos atenção e não são tão bem atendidas no serviço público de saúde quanto as mulheres brancas. A afirmação é da coordenadora da organização não-governamental Crioula, a médica Jurema Werneck.“No caso das mulheres negras o racismo faz uma diferença gigantesca, as queixas, as demandas das mulheres negras não são ouvidas e quando são ouvidas a resposta que o sistema de saúde dá é menor do que a rotina que o protocolo de saúde obriga.”Segundo o Comitê Estadual de Prevenção da Mortalidade Materna do Rio de Janeiro, 63% das mulheres vitimadas por morte materna no estado em 2003 são negras. Pesquisa feita pela Fundação Oswaldo Cruz em parceria com a prefeitura do Rio de Janeiro com 10 mil mulheres revela que durante parto normal 11,1% das mulheres negras não receberam anestésico enquanto nas mulheres brancas o percentual é de 5,1%.


O primeiro passo para combater o racismo sofrido pelas mulheres negras é que elas não aceitem tratamento discriminatório, na avaliação da coordenadora do Crioula.


Levar a discussão as autoridades de saúde e governamentais é outro passo apontado por Jurema Werneck, que participa hoje (23) do seminário Programa de Combate ao Racismo Institucional: uma experiência exitosa de cooperação internacional, em Brasília. ','').replace('','') -->

Mulheres negras são as mais discriminadas

As mulheres, principalmente as negras, são as que mais sofrem desigualdade social. Elas recebem menos que os homens mesmo tendo um grau de escolaridade superior ao deles. Esse é um dos fatos que se repete nas maiores empresas brasileiras, segundo a pesquisa “Perfil Social e de Gênero das 500 maiores Empresas do Brasil”, coordenada pelo Instituto Ethos.


Foram analisados diversos outros tópicos dentro dessas companhias: composição de gênero e raça, presença de pessoas portadores de deficiência, escolaridade e faixa etária dos funcionários de todos os níveis (executivo, gerência, chefia e funcional). Os dados levantados são alarmantes.
É baixo o índice contratação dos portadores de deficiência. O grau de escolaridade é pequeno e existe preconceito a pessoas maiores de 46 anos. Por essas razões, a entidade quer preparar os profissionais com essas características para que diminua o preconceito.


“A medida que aumenta o cargo, exige-se uma escolaridade maior, por isso, precisamos preparar essas pessoas”, disse o coordenador e colaborador da entidade, Paulo Itacarambi. A idéia é que as empresas adotem medidas como a diversidade como um parâmetro orientador de desenvolvimento, manutenção, plano de carreira e remuneração de pessoas, incluindo programas de integração a diversidade.


A proposta é desencadear uma série de ações promovendo a diversidade e a equidade nas empresas para que elas possam ser estimuladas a combater todas as desigualdades existentes. Esse foi o principal objetivo da pesquisa.


Para Armand Pereira, cordenador da OIT (Organização Internacional do Trabalho), a discriminação começa na educação e depois passa para o mercado de trabalho, por isso, as políticas empresariais são necessárias para a sociedade: “Temos muito que explorar e avançar, as ações positivas com metas são inefalíveis”, explica.


A pesquisa foi feita pelo Instituto Ethos em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP), Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea), Organização Internacional do Trabalho (OIT) e o Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para as Mulheres (Unifem).

Mulheres negras:reflexões sobre identidade e resistência!



Nos estudos sobre gênero uma das tendências atuais mais promissoras indica que devemos pensar o feminino não como uma essência natural, mas como sendo constituído em consonância com uma estrutura que só pode ser compreendida se for contextualizada e se forem consideradas outras categorias classificatórias como classe, raça e etnia.


Segundo Judith Butler (2003: 20) “...se tornou impossível separar a noção de “gênero” das intersecções políticas e culturais em que invariavelmente ela é produzida e mantida.”
Em razão disso, uma das maneiras de compreendermos a situação da mulher negra no Brasil é nos orientarmos através dos indicadores que apontam para a sua condição sócio-econômica e ocupacional.


A observação da existência de desigualdade racial no mercado de trabalho pode ser comprovada através de dados do DIEESE, entre outros órgãos de pesquisa. Como já é mais do que sabido, os efeitos do preconceito no mercado de trabalho penalizam indivíduos negros que, em consequência, recebem rendimentos inferiores aos dos brancos.


Quando estudamos a relação gênero e raça, percebemos que o homem negro ocupa um patamar abaixo do da mulher branca quanto ao rendimento salarial. Mas as mulheres negras se encontram ainda mais abaixo na pirâmide ocupacional: recebem os menores salários mesmo que em muitos casos ocupem a chefia de sua família.

odemos concluir que as relações interétnicas entre brancos e negros expressam uma complementaridade: o preconceito e a discriminação contra as trabalhadoras negras servem para designá-las às posições mais desprestigiadas e mal remuneradas.


Por outro lado, predominam nas posições que concentram maior prestígio, poder e renda aqueles trabalhadores que mais se aproximam do estereótipo de macho branco, descendente de europeu com religião cristã.


Pode-se dizer que para a população negra a superação das situações de discriminação constitui-se em um problema que podemos associar a uma redefinição de sua própria identidade. Desde o processo da Abolição no Brasil, há 115 anos, a identidade da mulher negra passa por um processo de redefinição. Ao resistir organizadamente ela rompe com as barreiras que a circunscrevem a determinados espaços e se redescobre como cidadã.


Ao pensarmos a situação da mulher negra no Brasil atual temos que levar em consideração que em uma sociedade democrática o respeito às diferenças de raça, etnia, gênero, orientação sexual, aparência física não é abandonar cada segmento à sua própria sorte mas questionar as relações de poder que hierarquizam as diferentes posições.

Pesquisa organizada por Rejanne Soares

Minorias, maiorias... a quem interessa a divisão?



Minorias? Maiorias? Negro. Mulher. Indígena. Judeu. Muçulmano. Homossexual... Heterossexual... Passivo... Ativo...Travesti... Transexual ...G.L.S...


Lenta e morbidamente, como um câncer, vivemos a tentativa - ou seria preferível dizer, a tendência? - da diluição da consciência de classe como parte fundamental da luta de classes através de mecanismos muito sutis.


Estruturalmente, a economia globalizada, e a proposta de um mundo sem fronteiras, distancia o sujeito - detentor do poder econômico - do objeto, trabalhador, detentor da força de trabalho. Tornados iguais como consumidores, tornamo-nos massa, sem sermos classe, sem nem identificarmos os sujeitos e os objetos.


Ao invés do "Trabalhadores do mundo, uni-vos!" cunhado por K.Marx temos hoje o Consumidores do mundo, consumi! sem que se possa, ao menos, gravar uma autoria.A queda do muro de Berlim e tudo o que representou contribuiu sobremaneira para a composição do comportamento geral destes tempos.


O mastro erguido não possui bandeira a tremular, criando um vazio ideológico que serve como uma luva ao crescimento do individualismo e de sua defesa pelos mais diferentes meios (seja por parte do Estado com, por exemplo, o Código de Defesa do Consumidor; seja por parte de ONGs; seja por inúmeras associações; seja pela mídia; Procon e tantos e tantos outros).


Quem se colocaria contra esses mecanismos de defesa? Ninguém, afinal a luta pelos Direitos Humanos é uma luta da Humanidade.Entretanto, paralelamente, muitas lutas das denominadas minorias, sutilmente têm cumprido o papel de enfraquecer e não fortalecer tais lutas.


Seria possível outra via?

As mulheres, por exemplo, lutam pela igualdade dos direitos frente aos homens. Pouco importa que sejam mulheres proletárias ou burguesas?

Afinal, quem são "os homens"? Quem são "as mulheres"?

Os negros, lutam pelos seus direitos, contra as discriminações. Há negros e negros. Há negras e negras.


Há trabalhadores e patrões.

Os gays, lutam pelos seus direitos, igualmente contra a discriminações. Há gays negros e não negros. Há trabalhadores e patrões.As lésbicas, lutam pelos seus direitos, igualmente contra as discriminações. Há lésbicas negras e não negras.

Há empregados e patrões.


Índios. Ecologistas. Crianças e Adolescentes. Meninos e Meninas de Rua.

Portadores de Necessidades Especiais. Aposentados. Prostitutas. Toxicômanos. Roqueiros. Metaleiros. Pagodeiros. Rapers. Corintianos. Palmeirenses.

Há empregados e há patrões.


As classes sociais podem ser "classificadas" com as mais diferentes denominações ao longo da História, mas sempre é possível identificar dois pólos contrários, antagônicos e contraditórios. De um lado, o explorador e do outro o explorado. Escravo, servo ou operário guardam entre si a mesma característica, qual seja a de ceder sua força de trabalho em proveito do outro - senhor, industrial, banqueiro - que enriquece. Um não existe sem o outro. Seus interesses sempre são opostos. Um domina o poder político e o outro é submetido.


Caia o muro de Berlim ou não, haja a globalização ou não, haja minorias ou não, classes sociais sempre existirão e portanto sempre haverá a luta de classes como afirmava Marx, mesmo quando nos informam que a História acabou.


Como poderia? Como pretenderia o homem conter a dialética, sem exterminar a sociedade e as classes que a constituem? A quem interessa dissimular a luta de classes?A nosso ver as ideologias que defendem o modo de produção capitalista atuam de forma sofisticada, sutil, investindo em formas as mais variadas de divisão das classes antagônicas, trabalhadoras, desse modo retardando o enfrentamento. O caminho socialista não sucumbiu. O sonho da igualdade entre os homens permanece.


Nem porque desabou o muro de Berlim, desabou com ele nossa racionalidade sustentada pela concepção dialética da história.


A História se faz no tempo e para o tempo não há finitude, não existe limite...Nesse sentido, seria interessante que as correntes de pensamento e ação (partidos, sindicatos, associações diversas) inscrevessem em seus programas e objetivos o acolhimento às diferentes minorias numa dimensão de luta de classes e não como categorias à parte, dissociadas das relações de produção, como se ser negro fosse a condição primeira para ser explorado. É na pobreza que as diferentes minorias se tornam uma só.


Por que então dividi-las? A quem convém a atomização das forças de oposição?

A mais recente divisão a contribuir para essa atomização das forças, é a dos sexos.


Bem... mas seria melhor deixarmos esse assunto para o próximo número...


Eduardo Paulo Berardi Junior é professor de História

Pesquisa organizada por Rejanne Soares
Quando pessoas foram trazidas da África para o Brasil, não puderam trazer para cá nada além de suas religiões. Em uma das dividas africanas pouco cultuadas, mas que mantêm seguidos no Brasil é a Deusa Mawu. A deusa da África Ocidental, Mawu chamava-se originalmente Mawu-Lisa e por vezes era vista como gêmeos masculino e feminino, por vezes um ser andrógino. A divindade dupla Mawu-Lisa é intitulada Dadá Segbô (Grande Pai Espírito Vital), Sé-medô (Princípio da Existência) e Gbé-dotó (Criador da Vida).Mawu representa o Leste, à noite, a Lua, a terra e o subterrâneo.

Sempre que ocorria um eclipse, dizia-se que Mawu e Liza estariam fazendo amor. Mawu-Lisa criaram todo o Universo e os Voduns juntos.Lisa é, ao lado de Mawu, o vodun da Criação, pai e ancestral de todos os demais voduns, mas a tradição o coloca sempre em segundo plano em relação a Mawu. Lisa representa o Oeste, o Sol, o firmamento - assim como a luz e as águas contidas ali. É simbolizado por um camaleão que traz o globo dourado do Sol na boca. Enquanto Mawu representa o frescor e os prazeres da vida, Lisa encarna o trabalho, a seriedade e a determinação, semelhante à dualidade freudiana entre Eros, o princípio do prazer, e Tanatos, a pulsão da morte.A cor emblemática de Lisa é o branco, e seus vodunsis devem andar sempre de branco.

Ele recebe oferendas e sacrifícios de alimentos e animais de cor branca. Diferente de Mawu que se relaciona igualmente a todas as famílias de voduns, Lisa é considerado um JI-VODUN, e a tradição conta que ele é de origem nagô, e seus vodunsis ao final da iniciação são denominados anagonu.

Mawu é considerada uma deusa carinhosa, como atesta o provérbio: "Lisa pune, Mawu perdoa." Os Fon de Benin, na África Ocidental, cultuam Mawu como deusa Lunar.Depois de criar Ayìkúngban, o Mundo, Mawu, deu seu domínio aos gêmeos Sagbata. Sogdo, por ser muito parecido com seu genitor, permaneceu no Céu, governando os elementos e o clima. A Agbê e Naeté foi concedido o domínio de Hu, o mar, que refresca a terra. Agué foi encarregado das plantas e dos animais que habitam a terra e a Gu, que tinha o corpo que era uma espada, foi concedida a habilidade de auxiliar os homens a dominar o mundo criado e garantir seu sucesso e felicidade em suas cidades, artefatos e tecnologias. Djó foi responsável por separar o Céu da Terra e dar trajes de invisibilidade a seus irmãos.

O caçula mimado Legba permaneceu junto de Mawu, ancorado as seus pés. A cada vodun filho seu, Mawu ensinou uma língua diferente, que deveria ser usada em seus próprios domínios e Djó ficou encarregado de ensinar a linguagem dos homens, mas todos se esqueceram como falar a linguagem de Mawu, com exceção de Legba, que nunca se separou de seu genitor. Assim, todos os voduns e toda a humanidade teriam que recorrer a Legba para se comunicar com Mawu.
Legba passou assim, a estar em toda parte, para levar e trazer mensagens dos seres criados ao seu Criador.Dan Ayido Hwedo, a Serpente Cósmica, que havia auxiliado Mawu na criação no Mundo, não suportava o calor do sol e foi concedido que ele fosse morar no mar para se refrescar, circundando a terra, enquanto era alimentado com barras de ferro por macacos vermelhos enviados por Mawu, para evitar que mordesse a própria cauda e destruísse toda a Criação.O filho de Mawu-Lisa, que permaneceu nos céus e fundou o Panteão do Trovão foi Sogbo. Já Sagbata, foi enviado à terra para se multiplicar.

Quando teve que decidir que filho desceria à Terra, Mawu escolheu Sagbata por ser o mais velho. Sogdo ficou com inveja e fez com que as chuvas cessassem para que os homens não tivessem água para as colheitas. Quando as pessoas começaram a se queixar, Mawu enviou Legba para descobrir o que acontecia. Legba havia feito com que Sogdo parasse as chuvas inicialmente, mas Mawu não sabia disso. O trapaceiro Legba enviou um pássaro para iniciar incêndio na Terra. Quando a nuvem de fumaça se ergueu, Legba disse a Mawu que a falta de chuva estava queimando a Terra. Mawu então ordenou a Sogdo que liberasse a chuva.Numa lenda diferente, Mawu e Lisa eram os criadores e usaram o seu filho, Gu, para dar forma ao Mundo. Gu, a ferramenta divina, tinha a forma de uma espada de ferro. Ensinou o povo a arte de trabalhar o ferro, para que pudessem fazer as suas próprias ferramentas e abrigos, mas infelizmente, Gu não sabia que os humanos iriam fazer uso do seu conhecimento para fazer armas e, com a ajuda da serpente cósmica, Dan, as idéias dos humanos tornaram-se realidade.Na iconografia, Mawu é representada como uma anciã trajada apenas de um pano cingindo-lhe a cintura, caminhando apoiada num cajado na mão direita e levando um bastão encimado por uma Lua Crescente com as pontas para cima, na mão esquerda.Mawu era a Deusa Suprema dos Fon de Abomey (República de Benin). Mawu, a Lua, atrai temperaturas mais frias ao mundo Africano.Mawu não fazia contato direto com os homens, mas delegava seus poderes aos Voduns. Os Voduns constituem uma classe especial de criaturas vivas. Estão acima da humanidade, mas não são divindades, eles são os sinais que emanam do divino em resposta aos desejos espirituais da humanidade. Deste modo, Vodun designa tudo que é sagrado, todo o poder do invisível, que influencia o mundo dos vivos. Examinemos então a dinâmica do Panteão Vodun:GU, Vodun dos metais, guerra, fogo, e tecnologia.HEVIOSSO, Vodun que comanda os raios e relâmpagos.SAGBATA, Vodun da varíola.DAN, Vodun da riqueza, representado pela serpente do arco-íris..AGUE, Vodun da caça e protetor das florestas.AGBE, Vodun dono dos mares.AYIZAN, Vodun feminino dona da crosta terrestre e dos mercados.AGASSU, Vodun que representa a linhagem real do Reino do Daomé.AGUE, Vodun que representa a terra firme.LEGBA, o caçula de Mawu e Lisa, e representa as entradas e saídas e a sexualidade.FA, Vodun da Adivinhação e do destino.Os voduns na África são agrupados em "famílias" chefiadas por um vodun principal, ora representando um elemento ou fenômeno da natureza, ora da cultura. Existem basicamente 4 famílias principais:Os JI-VODUN, ou "voduns do alto", chefiados por Sogbo (forma basilar de HEVIOSSO ).Os AYI-VODUN, que são os voduns da terra, chefiados por SABAGTA.Os TO-VODUN, que são voduns próprios de uma determinada localidade (variados).Os HENU-VODUN, que são voduns cultuados por certos clãs que se consideram seus descendentes (variados).No Brasil os voduns são cultuados nos terreiros de Candomblé.A iniciação ao culto dos voduns é complexa é longa e pode envolver longas caminhadas a santuários e mercados e períodos de reclusão dentro do convento ou terreiro hunkpame, que podem chegar a durar um ano, onde os neófitos são submetidos a uma dura rotina de danças, preces, aprendizagem de línguas sagradas e votos de segredo e obediência.

O nome de Mawu foi utilizado para denominar o Deus Único dos judeus, cristãos e muçulmanos nas línguas ewe-fon, mas dentro de culto dos voduns, Mawu possui seus próprios conventos pelo sul do Benin e do Togo, com culto organizado, sacerdotes, iniciados, etc., como qualquer outro vodun. Os mawunon (sacerdotes de Mawu), apesar da aparente importância da divindade que cultuam, não têm nenhuma ascendência especial sobre os sacerdotes de outros voduns. Suas cores emblemáticas são o branco, o azul e o vermelho.Mawu chega até nossas vidas para dizermos que é hora de quebramos a rotina e temperá-la com mais Criatividade. Faça algo bom e totalmente diferente hoje. Mawu tinha muito amor à todas as suas crianças.

Compre doces e distribua às crianças de rua. Tente também conversar um pouco com elas. Tire de sua volta este paredão de medos e se envolva mais com seu semelhante. Converse com seu colega, seus funcionários, seus filhos, parentes e amigos. Escute o que o outro tem para lhe dizer, pois todos nós somos obras e criação de Mawu.

Você entenderá assim, que os vícios que nos condena outros são na verdade os seus próprios.
Nunca julgue para não ser julgado, aceite a vida como ela é, pois nada neste mundo material é eterno.

Fonte: http://marconegro.blogspot.com/search?updated-min=20...
Texto pesquisado e desenvolvido por Rosane Volpatto

A mão da limpeza

O branco inventou que o negro
Quando não suja na entrada
Vai sujar na saída,
êImagina só
Vai sujar na saída,
êImagina só
Que mentira danada,
êNa verdade a mão escrava
Passava a vida limpando
O que o branco sujava,
êImagina só
O que o branco sujava, ê
Imagina sóO que o negro penava, ê
Mesmo depois de abolida a escravidão
Negra é a mão
De quem faz a limpeza
Lavando a roupa encardida, esfregando o chão
Negra é a mãoÉ a mão da pureza
Negra é a vida consumida ao pé do fogão
Negra é a mão
Nos preparando a mesa
Limpando as manchas do mundo com água e sabão
Negra é a mão De imaculada nobreza
Na verdade a mão escrava
Passava a vida limpando
O que o branco sujava, êI
magina só
O que o branco sujava, ê
Imagina só
Eta branco sujão

Gilberto Gil
Composição: Gilberto Gil

UMA CULTURA AFRICANA EM SOLO BRASILEIRO - O CANDOMBLÉ


Em 1830, algumas mulheres negras originárias de Ketu, na Nigéria, e pertencentes a irmandade de Nossa Senhora da Boa Morte, reuniram-se para estabelecer uma forma de culto que preservasse as tradições africanas aqui, no Brasil.Segundo documentos históricos da época, esta reunião aconteceu na antiga Ladeira do Bercô; hoje, Rua Visconde de Itaparica, próximo a Igreja da Barroquinha na cidade de São Salvador - Estado da Bahia.
Desta reunião, que era formada por várias mulheres, conforme relatei anteriormente, uma mulher ajudada por Baba-Asiká, um ilustre africano da época, se destacou: - Íyànàssó Kalá ou Oká, cujo o òrúnkó no orisá era Íyàmagbó-Olódùmarè.
Mas, o motivo principal desta reunião era estabelecer um culto africanista no Brasil, pois viram essas mulheres, que se alguma coisa não fosse feita aos seus irmãos negros e descendentes, nada teriam para preservar o "culto de orisá", já que os negros que aqui chegavam eram batizados na Igreja Católica e obrigados a praticarem assim a religião católica.Porém, como praticar um culto de origem tribal, em uma terra distante de sua ìyá ìlú àiyé èmí, ou a mãe pátria terra da vida, como era chamada a África, pelos antigos africanos?Primeiro, tentaram fazer uma fusão de várias mitologias, dogmas e liturgias africanas.
Este culto, no Brasil, teria que ser similar ao culto praticado na África, em que o principal quesito para se ingressar em seus mistérios seria a iniciação. Enquanto na África a iniciação é feita muitas vezes em plena floresta, no Brasil foi estabelecida uma mini-África, ou seja, a casa de culto teria todos os orisás africanos juntos. Ao contrário da África, onde cada orisá está ligado a uma aldeia, ou cidade por exemplo: Sangô em Oyó, Osun em Ijesá e Ijebu e assim por diante.

A ORIGEM DO NOME CANDOMBLÉ

Este culto da forma como é aqui praticado e chamado de Candomblé, não existe na África. O que existe lá é o que chamo de culto à orisá, ou seja, cada região africana cultua um orisá e só inicia elegun ou pessoa daquele orisá.
Portanto, a palavra Candomblé foi uma forma de denominar as reuniões feitas pelos escravos, para cultuar seus deuses, porque também era comum chamar de Candomblé toda festa ou reunião de negros no Brasil. Por esse motivo, antigos Babalorisás e Iyalorisás evitavam chamar o "culto dos orisás" de Candomblé.
Eles não queriam com isso serem confundidos com estas festas. Mas, com o passar do tempo a palavra Candomblé foi aceita e passou a definir um conjunto de cultos vindo de diversas regiões africanas. A palavra Candomblé possui 2 (dois) significados entre os pesquisadores: Candomblé seria uma modificação fonética de Candonbé, um tipo de atabaque usado pelos negros de Angola; ou ainda, viria de Candonbidé, que quer dizer ato de louvar, pedir por alguém ou por alguma coisa.

NAÇÕES
Como forma complementar de culto, a palavra Candomblé passou a definir o modelo de cada tribo ou região africana, conforme a seguir:
Candomblé da Nação Ketu
Candomblé da Nação Jeje
Candomblé da Nação Angola
Candomblé da Nação Congo
Candomblé da Nação Muxicongo

A palavra Nação entra aí não para definir uma nação política, pois Nação Jeje não existia em termos políticos. O que é chamado de Nação Jeje é o Candomblé formado pelos povos vindos da região do Dahomé e formado pelos povos mahin. Os grupos que falavam a língua yorubá entre eles os de Oyó, Abeokuta, Ijesá, Ebá e Benin vieram constituir uma forma de culto denominada de Candomblé da Nação Ketu.
Ketu era uma cidade igual as demais, mas no Brasil passou a designar o culto de Candomblé da Nação Ketu ou Alaketu. Esses yorubás, quando guerriaram com os povos Jejes e perderam a batalha, se tornaram escravos desses povos, sendo posteriormente vendidos ao Brasil. Quando os yorubás chegaram naquela região sofridos e maltratados, foram chamados pelos fons de ànagô, que quer dizer na língua fon piolhentos, sujos entre outras coisas.
A palavra com o tempo se modificou e ficou nàgó e passou a ser aceita pelos povos yorubás no Brasil, para definir as suas origens e uma forma de culto.
Na verdade, não existe nenhuma nação política denominada nàgó. No Brasil, a palavra nàgó passou a denominar os Candomblés também de Xamba da região norte, mais conhecido como Sangô do Nordeste. Os Candomblés da Bahia e do Rio de Janeiro passaram a ser chamados de Nação Ketu com raízes yorubás. Porém, existem variações de Nações, por exemplo, Candomblé da Nação Efan e Candomblé da Nação Ijesá. Efan é uma cidade da região de Ilesá próxima a Osobô e ao rio Osun. Ijesá não é uma nação política.
Ijesá é o nome dado às pessoas que nascem ou vivem na região de Ilesá, que caracteriza a Nação Ijesá no Brasil é a posição que desfruta Osun como a rainha dessa nação. Da mesma forma como existe uma variação no Ketu, há também no Jeje, como por exemplo, Jeje Mahin. Mahin era uma tribo que existia próximo à cidade de Ketu.
Os Candomblés da Nação Angola e Congo foram desenvolvidos no Brasil com a chegada desses africanos vindos de Angola e Congo. A partir de Maria Néném e depois os Candomblés de Mansu Bunduquemqué do falecido Bernardino Bate-folha e Bam Dan Guaíne muitas formas surgiram seguindo tradições de cidades como Casanje, Munjolo, Cabinda, Muxicongo e outras. Nesse estudo sobre Nações de Candomblé, poderia relatar sobre outras formas de Candomblé, como por exemplo, Nàgó-vodun que é uma fusão de costumes yorubás e Jeje, e o Alaketu de sua atual dirigente Olga de Alaketu. Alaketu não é uma nação específica, mas sim uma Nação yorubá com a origem na mesma região de Ketu, cuja sua história no Brasil soma-se mais de 350 (trezentos e cinquenta) anos ao tempo dos ancestrais da casa: Otampé, Ojaró e Odé Akobí. A verdade é que o culto nigeriano de orixá, chamado de Candomblé no Brasil, foi organizado por mulheres para mulheres. Antigamente, nas primeiras casas de Candomblé, os homens não entravam na roda de dança para os orixás.
Mesmo os que tornavam-se Babalorixás tinham uma conduta diferente quanto a roda de dança. Desta forma, a participação dos homens era puramente circunstancial. Daí ter-se que se inserir no culto vários cargos para homens, como por exemplo, os cargos de ogans.Hoje a palavra Candomblé no Brasil define no Brasil o que chamamos de Culto Afro-Brasileiro.
Pesquisa organziada por Rejanne Soares

Raízes


Pode ate parecer que é loucura
Diga o que quiser.
É essa vida dentro de nós
Que não nos deixa morrer.
Mesmo nos braços da morte
Levantamos as mãos.
Essas mãos que são verdes e nos fazem crescer,
Que sussurram e cantam.

Pode então dizer que somos selvagens,
As pedidas do campo
De flores, nos tornamos
Um campo de flores.
Pode dizer que é loucura.
Somos selvagens
Que são essas nossas raízes,
é essa luz dentro de nós,
é essa nossa luz,
é a luz, pode dizer,
Tudo que quiser,
diga o quiser.

Maisa Mendonça

quinta-feira, 21 de junho de 2007

Até que os negros contem suas próprias histórias, a história sempre irá favorecer o branco

Refletir sobre a afirmação de enquanto o negro não pode contar sua história é sobre a égide do branco que se reproduz, não se remete apenas àquela lecionada na escola. Para além dela, também engloba a transmitida culturalmente. Não que pretendo ser maniqueísta nessa sentença, entretanto existem muitos ingredientes para desacreditar na hipótese que a omissão e o desprezo à tradição negra sejam apenas pequenos equívocos, lapsos de memórias.
O racismo impregna a trama social que, além de acarretar as distâncias sociais entre negros e brancos, tem provocado à percepção de que esse fosso é natural, portanto, a-histórico. Nos pequenos atos cotidianos, reproduzimos frases, práticas sociais, emissão de sentenças, de modo quase indiferente, que na verdade são clivados por valores morais construídos socialmente, portanto aprendidos.

Nascemos brancos, negros, indígenas e etc., biologicamente a cor não pode ser mudada, mesmo com os avanços tecnológicos na área da estética e beleza ainda são incapazes de alterar carga genética.

Entretanto, desde a tenra idade as socializações promovidas pelas diversas Instituições sociais como escola e família, ensinam sutilmente quais são as parcelas da sociedade que são marginalizadas e as posições que ocupamos na estrutura social. A reprodução social apresenta um padrão de exaltação ao homem branco, como portador da modernidade e protagonista, enquanto o homem negro é arcaico e coadjuvante.

E dentro da subalternização há um emaranhado de vetores, que não só incorporam a questão de Raça como mesclam outros fatores de desigualdade que se opera contra o corpo dos indivíduos, como as mulheres. As questões de Gênero e Raça apresentam muitas similaridades, nascemos naturalmente homens ou mulheres, mas no decorrer da formação das sociedades, principalmente a industrial, acabaram por gerar a dominação do homem sobre a mulher.
É interessante observar que, apesar das inúmeras conquistas nas últimas décadas das mulheres, a realidade social das negras ainda é diferente das demais. Enquanto, a competitividade no mercado de trabalho, o conflito entre a necessidade de dedicação profissional e o tempo para constituir e cuidar da família são os temas de algumas mulheres brancas que pertence à classe média, o ingresso no mercado ainda é um desafio para as mulheres negras, exceção para as funções sem qualquer qualificação.

Assim, como a violência doméstica contra as negras merece destaque, mesmo com a promulgação da Lei Maria da Penha (lei número 11.340/2006), recentemente, que endurece a pena daqueles que cometem a violência contra a mulher, o fato é que as negras ainda se constituem as principais vítimas, tanto dos seus companheiros, que se utiliza do machismo, dependência química e financeira para agredir fisicamente e psicologicamente. Da sociedade que se negligência dos aspetos de âmbito privado, principalmente das negras e pobres que são rotuladas como sem-vergonhas, que gostam de apanhar.

E finalmente do poder público, por às vezes expor às atendidas vexatoriamente, como nos casos de violência sexual. No decorrer do meu trabalho já ouvi um relato de uma pessoa que ao tentar registrar queixa teve de ouvir do policial que o marido dela como provedor da casa estava no gozo de seus direitos e era para ela ter vergonha de prejudicar deliberadamente um pai de família.

Apesar da violência doméstica não só se apresentar em uma camada social especifica, no caso das mulheres negras, além da necessidade de superar a dependência afetiva, implica nas dificuldades de sustentabilidade para si e seus filhos e ainda ter que encarar a tradição que banaliza essa situação.

Dentro desse grosso caldo cultural brasileiro, perdemos de vista a referência positiva da mulher negra na história, as personalidades femininas dos séculos passados muitos se limitam as pertencentes às religiões afro-brasileiras ou que impulsionaram o carnaval. Todavia, no mote atual apresentam tímidas ascensões em algumas áreas, como esporte e entretenimento, a maioria ainda engrossam os índices de pesquisas sobre pobreza, violência intra-familiar e motarlidade materno-infantil.

Em suma, nada é isolado, a cultura e a história sobre designações errôneas contribuem para a construção de um quadro depreciativo sobre a questão de Gênero e Raça. Os afro-brasileiros que sofreram a escravidão no Brasil lembravam laconicamente das histórias de suas terras, das tribos, dos heróis, o sincronismo e religiosidade propagavam suas raízes e impulsionavam a luta contra a opressão em prol da liberdade. E hoje à falta de otimismo e a distorção da história sobre o negro, fomenta a descrença de um futuro melhor. E dentre uma das estratégias para superar esse quadro imposto, aponto na transversalidade das ações, para abranger desde os pequenos atos cotidianos a estrutura, aliando os movimentos sociais, Organizações Não-governamentais, governos, sociedade civil, imprensa, comunidade acadêmica e entre outros. E principalmente identificar nas representações simbólicas partilhadas socialmente, presente desde os materiais didáticos escolares e até nas relações sociais em geral, que contribuem para legitimar uma raça sobre outro(s), um gênero sobre o outro.

Karina da Silva PintoAssistente Social

Conselheira Municipal de Assistência Social de São João de Meriti.Atuante nos ações em prol de Gênero e Raça na Baixada Fluminense.kar_inasilva@hotmail.com

Fonte: http://www.dialogoscontraoracismo.org.br
Pesquisa organizada por Rejanne Soares

Instituto de Mulheres Negras do Amapá - IMENA


O Instituto de Mulheres Negras do Amapá foi fundado em 7 de maio de 2000, na cidade de Macapá, no Amapá.

Fruto de uma gestão coletiva, o IMENA teve seu parto assistido por um grupo de orgulhosas mulheres negras e de suas madrinhas do Geledés. Nasceu sobre o signo de touro e da ousadia, em plena Lua Nova, no meio do mundo latitude zero, sobre a linha do equador, banhado pelas águas do Rio Amazonas e bos as bênçãos das entidades da floresta e de suas ancestrais guerreiras.

O IMENA vem com a missão de somar-se às pessoas e organizações que lutam contra o sexismo, o racismo, a injustiça e todas as formas de discriminação e preconceitos. O projeto visa colaborar para a construção de uma sociedade mais justa, solidária e igualitária, onde todas e todos possam viver com dignidade e prazer.

As mulheres negras do Amapá querem compartilhar com a sociedade amapaense e com pessoas do Brasil e do mundo o prazer desta nova criação e convidar àqueles que acreditam no futuro e no novo a contribuir para o crescimento e fortalecimento do IMENA.

O IMENA e uma organização política de mulheres negras, sem fins lucrativos, sem vinculações religiosas, organização não governamental de assistência social, democrática e sem nenhuma vinculação político-partidária nem discriminação de qualquer natureza.

O IMENA tem como missão institucional o combate ao preconceito, discriminação racial, sexismo e a luta pela universalização efetiva dos Direitos Humanos, inerentes à cidadania, combatendo prioritariamente a marginalização das populações negras.

Objetivos: Promover a solidariedade e a igualdade entre homens e mulheres, sem distinção de raça, etnia, cor, idade, classe social, orientação sexual, religião, ascendência, origem nacional ou regional, estado civil, estado de saúde, filiação, deficiência física ou condição de egresso;
Defender os direitos dos cidadãos negros, especialmente mulheres e jovens, e incentivar sua interação no mercado de trabalho e na sociedade civil organizada;


Sensibilizar amplos setores da sociedade contra as práticas de discriminação racial ou sexual, através de denúncias responsáveis e da informação bem fundamentada.

Ações de Implementação:Educação de jovens e adultos: A escola funciona no Centro de Cultura Negra. O público alvo é formado por jovens e adultos negros não alfabetizados, oriundos do bairro do Laguinho e adjacências. É fruto de uma parceria com a Secretaria Estadual de Educação.

Feira de Cultura Afro-brasileira Oyá-Iansã: Tem como principal objetivo alavancar a socialização de mulheres negras amazoninas artesãs, e outras que vivam no anonimato social, prioritariamente em comunidades quilombolas, além da valorização da gastronomia regional.
Programa de Rádio: O IMENA participa do programa de rádio “Viva Mulher”, transmitido às sextas-feiras pela Rádio Difusora de Macapá, divulgando suas ações e abrangendo temas relacionados aos direitos e deveres da cidadania da população afrodescendente, principalmente das mulheres negras.


Implantação do Programa de Defesa dos Direitos Humanos: Objetiva desenvolver um conjunto de ações que contribuam para a defesa dos direitos da população negra do estado. Este programa é constituído basicamente pelo SOS RACISMO, que consiste em serviço de atendimento jurídico e encaminhamento legal de processos de vítimas de racismo, prevendo atuação judicial em casos que atinjam a imagem coletiva da comunidade negra.

Programa Saúde da Mulher Negra: Visa contribuir como o processo organizativo das mulheres de comunidades negras rurais na luta pela saúde da mulher. Tem como público mulheres negras de diferentes idades.

Também fazem parte das atividades do IMENA, palestras educativas, oficinas e cursos, além do projeto Biblioteca Itinerante “Histórias da Mãe Preta”, com informações culturais e históricas do povo negro.

IMENA – INSTITUTO DE MULHERES NEGRAS DO AMAPÁAvenida José Antônio Siqueira, 692 – LaguinhoMacapá/AMAPÁ – cep: 68908-040
Informações: fones (96) 222-1741, fax: 222-1741 ou 222-4873 ou
Pelo e-mail:
imena@bol.com.br

Fonte: www.portalafro.com.br
Pesquisa organziada por Rejanne Soares

Zumbi dos Palmares, o maior ícone da resistência negra ao escravismo no Brasil

Vinte de novembro é o Dia Nacional da Consciência Negra. A data - transformada em Dia Nacional da Consciência Negra pelo Movimento Negro Unificado em 1978 - não foi escolhida ao acaso, e sim como homenagem a Zumbi, líder máximo do Quilombo de Palmares e símbolo da resistência negra, assassinado em 20 de novembro de 1695.

O Quilombo dos Palmares foi fundado no ano de 1597, por cerca de 40 escravos foragidos de um engenho situado em terras pernambucanas. Em pouco tempo, a organização dos fundadores fez com que o quilombo se tornasse uma verdadeira cidade. Os negros que escapavam da lida e dos ferros não pensavam duas vezes: o destino era o tal quilombo cheio de palmeiras.

Com a chegada de mais e mais pessoas, inclusive índios e brancos foragidos, formaram-se os mocambos, que funcionavam como vilas. O mocambo do macaco, localizado na Serra da Barriga, era a sede administrativa do povo quilombola. Um negro chamado Ganga Zumba foi o primeiro rei do Quilombo dos Palmares.

Alguns anos após a sua fundação,o Quilombo dos Palmares foi invadido por uma expedição bandeirante. Muitos habitantes, inclusive crianças, foram degolados. Um recém-nascido foi levado pelos invasores e entregue como presente a Antônio Melo, um padre da vila de Recife.

O menino, batizado pelo padre com o nome de Francisco, foi criado e educado pelo religioso, que lhe ensinou a ler e escrever, além de lhe dar noções de latim, e o iniciar no estudo da Bíblia. Aos 12 anos o menino era coroinha. Entretanto, a população local não aprovava a atitude do pároco, que criava o negrinho como filho, e não como servo.

Apesar do carinho que sentia pelo seu pai adotivo, Francisco não se conformava em ser tratado de forma diferente por causa de sua cor. E sofria muito vendo seus irmãos de raça sendo humilhados e mortos nos engenhos e praças públicas. Por isso, quando completou 15 anos, o franzino Francisco fugiu e foi em busca do seu lugar de origem, o Quilombo dos Palmares.

Após caminhar cerca de 132 quilômetros, o garoto chegou à Serra da Barriga. Como era de costume nos quilombos, recebeu uma família e um novo nome. Agora, Francisco era Zumbi. Com os conhecimentos repassados pelo padre, Zumbi logo superou seus irmãos em inteligência e coragem. Aos 17 anos tornou-se general de armas do quilombo, uma espécie de ministro de guerra nos dias de hoje.

Com a queda do rei Ganga Zumba, morto após acreditar num pacto de paz com os senhores de engenho, Zumbi assumiu o posto de rei e levou a luta pela liberdade até o final de seus dias. Com o extermínio do Quilombo dos Palmares pela expedição comandada pelo bandeirante Domingos Jorge Velho, em 1694, Zumbi fugiu junto a outros sobreviventes do massacre para a Serra de Dois Irmãos, então terra de Pernambuco.

Contudo, em 20 de novembro de 1695 Zumbi foi traído por um de seus principais comandantes, Antônio Soares, que trocou sua liberdade pela revelação do esconderijo. Zumbi foi então torturado e capturado. Jorge Velho matou o rei Zumbi e o decapitou, levando sua cabeça até a praça do Carmo, na cidade de Recife, onde ficou exposta por anos seguidos até sua completa decomposição.

“Deus da Guerra”, “Fantasma Imortal” ou “Morto Vivo”. Seja qual for a tradução correta do nome Zumbi, o seu significado para a história do Brasil e para o movimento negro é praticamente unânime: Zumbi dos Palmares é o maior ícone da resistência negra ao escravismo e de sua luta por liberdade. Os anos foram passando, mas o sonho de Zumbi permanece e sua história é contada com orgulho pelos habitantes da região onde o negro-rei pregou a liberdade.

Fonte: www.unificado.com.br
Pesquisa organizada por Rejanne Soares

Mulheres Negras Vivendo com HIV

Mulheres negras vivendo com HIV passam por uma experiência mais difícil, e sujeita a uma probabilidade maior de complicações ou insucesso no tratamento, do que mulheres não-negras. A análise de entrevistas e do perfil sócio-econômico de mais de mil soropositivas paulistas, feita pela bióloga Fernanda Lopes, aponta claramente as diferenças no que se chama vulnerabilidade quando considerada a raça das pacientes. Em outras palavras, caracterizou estatisticamente quanto e como cada grupo está exposto tanto à infecção pelo vírus, como ao adoecimento de fato.

Os resultados da pesquisa, apresentados em sua tese de doutorado, mostram que as negras chegam mais tardiamente e já adoecidas ao sistema de saúde, têm mais dificuldade de seguir o tratamento e não encontram, nos serviços especializados, profissionais capazes de compreender as especificidades relacionadas à questão racial.A capacitação dos profissionais de saúde para reconhecer as necessidades próprias à condição racial é o que Fernanda reforça como o primeiro passo a ser dado para tentar diminuir estas disparidades no serviço de atenção a pacientes com HIV. “É importante identificar estes fatores que determinam a vulnerabilidade para que os programas de prevenção e tratamento passem a considerar as dimensões social, de gênero e as desvantagens históricas acumuladas pela população negra, em especial as mulheres”, afirma. “Quando o profissional não percebe a diferença entre os grupos, não percebe que há ecessidades diferentes.”Uma das formas de reconhecê-las é melhorando a qualidade do diálogo entre profissionais e usuários do sistema de saúde.

No entanto, Fernanda frisa que o tratamento desigual “pode ser uma manifestação de racismo”, mas não dos profissionais. Estes precisam ser sensibilizados para reconhecer as práticas institucionais “cristalizadas” que acabam tornando “naturais” fatos como postos de saúde nas periferias, usados com maior freqüência por negras, serem mais precários que os serviços oferecidos nas regiões centrais das cidades. “É impossível admitir que o serviço prestado seja diferenciado”, indigna-se a bióloga, que hoje coordena as ações de saúde do Programa de Combate ao Racismo Institucional.

DIFERENÇAS SOCIAIS

A pesquisa feita por Fernanda Lopes faz parte de um projeto maior dedicado a avaliar a qualidade do cuidado e a vulnerabilidade de mulheres com diagnóstico de HIV atendidas em centros especializados no estado de São Paulo. A pesquisadora, então, selecionou uma amostra de 1.068 pesquisadas – 526 não-negras (que se declararam brancas, amarelas ou indígenas) e 542 negras (declaradamente negras ou pardas). As perguntas feitas a elas avaliaram quatro momentos: o anterior à infecção, a chegada ao serviço de saúde, o diagnóstico e o atendimento nos serviços especializados.O primeiro passo para estabelecer as diferenças entre os fatores de vulnerabilidade de um e outro grupo foi caracterizar a condição sócio-econômica de cada um. O perfil das mulheres negras que emergiu desta análise é bastante coerente com o que em geral apontam pesquisas menos focadas. Elas tinham menor escolaridade e renda individual e per capta menor que as mulheres não-negras. Suas casas tinham menos cômodos, suas famílias eram mais numerosas e elas eram responsáveis pelo cuidado de um número maior de pessoas.Cruzando alguns destes dados com outros também retirados da pesquisa, Fernanda conseguiu apontar a interferência destas condições sociais sobre, por exemplo, como as pacientes negras relacionam-se com os profissionais de saúde que as atendem nos serviços especializados. Quanto menor a escolaridade neste grupo, maior o número de mulheres que respondeu afirmativamente à pergunta “tem/teve dificuldade em tirar dúvidas com ginecologista ou infectologista?”.Outra interferência apontada por Fernanda diz respeito ao número de pessoas sob os cuidados da mulher e a condição em que esta chegou pela primeira vez ao sistema de saúde. “Sabe-se que o auto-cuidado é, para a mulher, secundário em relação àqueles que ela tem com a família”, afirma a pesquisadora. “Portanto, quanto mais gente ela tem para cuidar, menos tempo ela dedica para cuidar da sua saúde, da sua autonomia.” De fato, a pesquisa apontou que as mulheres negras chegam mais tardiamente e já doentes para fazer o diagnóstico. “Elas não chegavam ao serviço de saúde para testar o HIV após terem sido expostas a uma situação de risco, mas porque já estavam doentes”, explica a bióloga.

MENOS ATENÇÃO NO TRATAMENTO

A avaliação dos dois grupos sobre o atendimento nos serviços especializados também teve outras diferenças acentuadas. As mulheres negras tiveram menor acesso a informações corretas sobre aspectos relacionados ao tratamento como o uso dos medicamentos anti-retrovirais ou sobre as ações de redução de danos para usuários de drogas injetáveis.Outro detalhe pouco conhecido pelas negras, e considerado fundamental por Fernanda, é o significado dos testes realizados. São dois: o exame de carga viral, que conta quantas cópias do vírus estão presentes na corrente sangüínea; e o CB-4, que diz quanto está sendo produzido de anticorpos pelo organismo. O primeiro serve para medir a extensão da infecção e o segundo, o quanto a doença já está se manifestando. “Saber o significado de cada um desses exames têm uma relação direta com a adesão ao tratamento e a construção de estratégias de auto-cuidado mais eficientes”, comenta a pesquisadora.As mulheres negras também tiveram menos oportunidades de discutir com profissionais de saúde sobre sua vida sexual. Elas também passaram com menos freqüência pela avaliação de outros especialistas que não ginecologistas e infectologistas, mas que igualmente podem fazer diferença no tratamento, como dentistas ou nutricionistas.O estudo feito por Fernanda não permite relacionar esta atenção menos qualificada às mulheres negras com sua qualidade de vida e longevidade. No entanto, ela lembra que outras pesquisas dão indícios de que este grupo racial adoece ou morre mais rápido em decorrência do HIV. A taxa de mortalidade, por exemplo, é 2,9 vezes maior entre pretas e pardas quando comparadas às brancas. Também o Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde em 2004 apontou uma estagnação da epidemia entre a população branca, mas um número crescente de infectados entre os negros.

Fonte: Site
http://www.reportersocial.com.br/
Pesquisa organizada por Rejanne Soares

Saude da Mulher Negra e a AIDS

Transformar a realidade é uma tarefa árdua e bastante instigante, mas já temos
alguns avanços garantidos com recorte de gênero, raça e etnia em programas de saúde pública a nível Nacional, Estadual e municipal, mas ainda temos demanda que precisam ser superadas.

È importante à articulação entre as atividades de organização e formação, bem como a
construção de uma, abordagem política e metodológica que procure garantir a implantação de
políticas públicas de saúde contemplando: gênero, raça e classe.

Baseada nos princípios do SUS garantindo equidade, superação das desigualdades norteamos desconstrução do preconceito racial e reafirmamos auto-estima, garantindo desta forma o pleno exercício da cidadania com autonomia e respeito.

Especificar o campo da saúde da mulher negra como viés necessário e dar visibilidade á vulnerabilidade que a população negra esta exposta.

Consolidar rede de informação sobre políticas públicas em DST/HIV/AIDS.Conscientizar a população para a importância da ação de cada uma como multiplicadora no processo de prevenção.
Estabelecer o diálogo entre diferentes atores sociais (o SUS inclusive) em ações de promoção e prevenção á saúde da população negra.

quarta-feira, 20 de junho de 2007

Dia 25 de Julho - Dia da Mulher Afro-latina-Americana Caribenha

O Dia da Mulher Afro-latina-Americana Caribenha, foi criado a partir do I Encontro de Mulheres afro-latinas Americanas e Afro-caribenha, em Santo Domingo na Republica Dominicana, desde este encontro ficou estipulado que o dia 25 de Julho seria o dia do marco internacional da Luta e da Resistência da Mulher Negra, desde então as Mulheres Negras vem se organizando atividades na proposta de consolidar e dar visibilidade a esta data, levando em consideração a condição e opressão de gênero raça/etnia, que nos mulheres negras vivemos cotidianamente.

O objetivo da comemoração de 25 de julho é ampliar e fortalecer às organizações de mulheres negras do estado, construir estratégias para a inserção de temáticas voltadas para o enfrentamento ao racismo, sexismo, discriminação, preconceito e demais desigualdades raciais e sociais. É um dia para ampliar parcerias, dar visibilidade à luta, às ações, promoção, valorização e debate sobre a identidade da mulher negra brasileira.

Quem foi a Princesa Anastácia?

Princesa Bantu, linda negra de olhos azuis, sofreu por sua beleza e por não admitir ser chamada de escrava. Amenizava o sofrimento dos seus irmãos através do seu milagroso poder de curar. Por pensar ser Anastácia conhecedora de alguma palavra mágica, queriam lhe impedir este dom, cobrindo o seu rosto com uma máscara de ferro. Esta máscara saciou também a inveja de mulheres brancas, para com a beleza de nossa princesa.


Um dos relatos que temos registros é que, Anastácia por ser muito bonita, terminou sendo, também, sacrificada pela paixão bestial de um dos filhos de um feitor, não sem antes haver resistido bravamente o quanto pôde a tais assédios; depois de ferozmente perseguida e torturada a violência sexual aconteceu.


Apesar de toda circunstância adversa, Anastácia não deixou de sustentar a sua costumeira altivez e dignidade, sem jamais permitir que lhe tocassem, o que provocou o ódio dos brancos dominadores, que resolvem castigá-la ainda mais, colocando-lhe no rosto uma máscara de ferro, que só era retirada na hora de se alimentar, suportando este instrumento de supremo suplício por longos anos de sua dolorosa, mas heróica existência.


As mulheres e as filhas dos senhores de escravos eram as que mais incentivavam a manutenção de tal máscara, porque morriam de inveja e de ciúmes da beleza da negra.


A ignorância só retirou a máscara tarde demais, quando nossa guerreira já tinha o rosto tomado pela Gangrena, razão de sua morte.


Anastácia, já muito doente e debilitada, é levada para o Rio de Janeiro onde veio a falecer, sendo que seus restos mortais foram sepultados na Igreja do Rosário que, destruída por um incêndio, não se teve como evitar a destruição também dos poucos documento que poderiam nos oferecer melhores e maiores informações referentes à escrava Anastácia " A Santa ", além da imagem que a história ou lenda deixou em volta de seu nome e na sua postura de mártir e heroína, ao mesmo tempo.


pesquisa organizada por Rejanne Soares

Um espaço dedicado as Mulheres Negras com as bênçãos da Princesa Anastácia!


Um espaço organizado pelo Instituto das Mulheres Afroamazônidas – Princesa Anastácia, que escolheu homenagear aquela que é uma mulher atual que sofreu por preconceitos que nós mulheres negras deste novo século ainda sofremos, entendemos que Anastácia é como uma figura importante que reflete o objetivo do Instituto, que se preocupa em desconstruir os preconceitos causados pelo racismo, sexismo, o machismo e as demais desigualdades raciais, além da busca da difusão de nossa cultura e pelo compromisso com o resgate histórico das mulheres africanas, brasileiras e amazônidas que construíram o início deste momento em que vivemos, e que hoje provocam nosso orgulho, emoção e estimulam nossa luta.


Onde tudo será construído coletivamente, buscando na base, a história de luta e de contribuição que nos mulheres negras temos dado a este país, e ao mundo em que vivemos.

Assim como construímos, nos é negado o fato que, nós mulheres negras, onde todo o sistema nos empurra para a invisibilidade; ter um espaço onde podemos mostrar de nossas próprias fontes o protagonismo da Mulher Negra.

A constituição e formação da mulher negra no Brasil são baseadas na luta contra o preconceito, na busca de igualdade de oportunidade, e respeito à diversidade.

Um espaço que com toda certeza vai enriquecer, homenagear e dar visibilidade a cada mulher negra que traz em seu bojo, detalhes que são despercebidos pela sociedade.

Somos parte deste sistema, mesmo sendo falido, excludente e cruel, resistimos com nossas crenças, com nosso jeito de curar e aliviar as mazelas da vida, com nossa cultura que alegra e ilumina muitas de nós, com a força do saber popular, no ato de benzer e fazer os chás que levam nossa vontade de vencer e conquistar um mundo junto e digno.

Nos mulheres negras geramos um mundo e somos nos que silenciosamente estamos mudando e fazendo isso de acordo com nossas necessidades e forma de ver e sentir que se faz necessário este processo.

Sabemos escrever sobre nós! Com poesias, poemas, crônicas, artigos, textos, livros ou simples frases.
Sabemos cantar coisas nossas, em forma de Rap, Samba, e principalmente aquelas que refletem nossa origem africana.

Sabemos contar nossos feitos!

Sabemos quem somos e o que queremos!

Sabemos articular e reivindicar por nós!

Sabemos tecer as redes e fortalecer nossas parcerias com quem sabe a nosso respeito!

Sabemos muito de nós, temos acumulo que devemos pôr em pauta, por nós, para nós e para aquelas e aqueles que sabem o que é ser uma Mulher Negra nesse sistema que em nenhum momento nos respeita, e que muito nos deve.

Ao contrário do que se pensa e se fala sobre nós mulheres negras, não estamos mais em fase de choro e de lamurias, estamos no nível de fazer, e se fazer presente!

Sejam bem vind@s a este espaço que tem a cara e o jeito de ser das Mulheres Negras Amazônidas e Brasileiras!

Por Rejanne Soares - Ativista do Movimento de Mulheres Negras da Amazônia.